FREUD E SUA MAIOR DESCOBERTA, O INCONSCIENTE.
Neste texto explanamos a cronologia da maior descoberta de Sigmund Freud, o inconsciente.
Rodrigo Cunha
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Psicanálise, a descoberta do inconsciente.
Sigmund Freud foi um médico formado pela Universidade de Viena em 1881, com especialização em neurologia e psiquiatria. Foi ele quem desenvolveu e criou a psicanálise: um método clínico e investigativo, além de um corpo teórico voltado à compreensão da vida psíquica. A psicanálise tem como base princípios hermenêuticos, ou seja, busca a interpretação dos sentidos implícitos e explícitos dos discursos, dos sintomas e dos afetos, indo além da aparência dos fenômenos observáveis.
Freud concebeu a psicanálise como um sistema capaz de investigar os conteúdos ocultos da mente humana — especialmente os inconscientes — e compreender como esses conteúdos se manifestam na vida do sujeito e em suas relações sociais, familiares e profissionais. O método se fundamenta na escuta atenta e na fala livre, permitindo que o sujeito acesse conteúdos recalcados, que causam sofrimento psíquico. Esses conteúdos, uma vez trazidos à consciência, podem ser elaborados e simbolizados, promovendo autoconhecimento e alívio dos sintomas.
Entre os anos de 1885 e 1886, Freud realizou um estágio com o neurologista Jean-Martin Charcot, em Paris, onde observou os efeitos da hipnose no tratamento de pacientes histéricos. De volta a Viena, iniciou experimentos clínicos com hipnose e percebeu que era possível, por meio da sugestão hipnótica, acessar memórias traumáticas ligadas à origem dos sintomas. Contudo, com o tempo, Freud percebeu as limitações da hipnose e passou a desenvolver o método da associação livre, mais eficaz por envolver o sujeito de forma ativa no processo analítico.
Entre 1893 e 1896, Freud trabalhou com o médico Josef Breuer, com quem elaborou o método catártico. Essa técnica consistia em fazer o paciente recordar e reviver eventos traumáticos reprimidos, o que permitia a liberação da carga afetiva ligada a eles — fenômeno que Freud denominou ab-reação. Juntos, publicaram a obra Estudos sobre a Histeria (1895), que é considerada o marco inicial da psicanálise.
A partir de então, Freud desenvolveu o conceito de inconsciente e elaborou sua primeira teoria sobre o aparelho psíquico, chamada de primeira tópica, composta por três sistemas: o inconsciente (Ics), o pré-consciente (Pcs) e o consciente (Cs). Posteriormente, desenvolveu a segunda tópica, ou teoria estrutural, composta pelas instâncias do id, ego e superego. Com isso, consolidou a ideia de que o sujeito não é senhor de sua própria razão, estando submetido a forças inconscientes que governam seus afetos, desejos e fantasias.
Freud também afirmou que a humanidade sofreu três grandes feridas narcísicas, nas quais o ser humano perdeu sua posição central no universo:
A descoberta de Copérnico, de que a Terra não é o centro do universo;
A teoria da evolução de Darwin, que afastou o homem de uma origem divina direta;
A descoberta do inconsciente, que revelou que nem mesmo o eu é senhor em sua própria casa.
A prática clínica da psicanálise se organiza em torno de conceitos e técnicas como a associação livre, atenção flutuante, análise das resistências, interpretação das transferências e contratransferências, bem como entrevistas preliminares e a construção de um vínculo analítico. Freud deu início a esse método com base nos estudos da histeria, mas seu alcance se expandiu para a compreensão de outras formas de sofrimento psíquico e também para o estudo da cultura, da arte, da política, da linguagem e dos costumes sociais.
Em 1896, Freud usou pela primeira vez o termo "psicanálise", adotando definitivamente o método da associação livre. Em 1900, com a publicação de A Interpretação dos Sonhos, Freud marca o nascimento formal da psicanálise como um campo clínico e teórico autônomo. A partir de sua base teórica, outros autores deram continuidade e ampliaram o pensamento psicanalítico, sendo Jacques Lacan um dos nomes mais relevantes no século XX. Ainda assim, Freud permanece como o fundador de uma das maiores revoluções no campo da mente e do sofrimento humano.
